Sobre
Promovido pela associação Mulheres na Arquitectura, no âmbito do programa público Bairros Saudáveis, o projeto Mulheres em Construção parte de demandas de mulheres em situação de vulnerabilidade habitacional e laboral. O objetivo principal foi a capacitação para a realização de melhorias nas suas casas e a possibilidade de uma saída profissional no setor da construção civil.
As profissões não têm género! Portugal debate-se, hoje, com falta de oferta de mão-de-obra na construção civil e esta é ainda uma ocupação maioritariamente masculina. Por outro lado, revela-se o desconforto e insalubridade de fogos habitacionais, evidenciado e vivido mais intensamente no contexto da pandemia da Covid-19, nos períodos de isolamento social. Para as mulheres, o peso é acrescido com as tarefas domésticas maioritariamente desempenhadas por elas, um trabalho que exige esforço físico, horas de dedicação e, no entanto, não remunerado. Ao considerar estes fatores e a pensar em projetos em que mulheres põem a mão na massa para melhorar a sua realidade, perguntamos: e se houver uma formação que prepare mulheres para fazerem melhorias em suas casas e se inserirem no setor da construção civil? Consideramos, ainda, o fato de muitas viverem em habitação de interesse social, que, como todas as casas, necessitam de manutenções e melhorias que não podem esperar pela ação da Câmara. Assim, dar a essas senhoras a hipótese de serem elas a fazer melhorias em suas casas é possibilitar que vivam melhor e que tenham mais uma opção de saída profissional, afinal, como já referimos, as profissões não têm género!
O Bairro de Santiago, em Aveiro, foi o escolhido para a realização do projeto. Trata-se do maior bairro de interesse social de Aveiro, com construção iniciada em 1973 e habitado por mais de 850 em fogos privados, municipais e do IHRU. A MA já tinha conhecimento prévio do seu tecido social, das questões da habitação e das entidades locais atuantes que se tornaram parceiras. Assim, a partir de novembro de 2021, demos largada ao projeto Mulheres em Construção! em Aveiro.
Objetivos
Tendo como objectivo geral formar e capacitar mulheres em situação de risco laboral ou social para realização autónoma de melhorias nas habitações em que residem e para profissionalização e emprego na indústria da construção civil, foram definidos objetivos específicos para concretizar este primeiro desígnio. Assim, o projecto empoderou, capacitando as formandas para inserção no mercado de trabalho; criou comunidade, fortalecendo as redes de entreajuda profissional e comunitária; formou para a construção, oferecendo formação certificada na área; formou para a igualdade de género; e instruiu para a saúde através da qualificação do habitat.
Equipa
Promovido pela associação Mulheres na Arquitectura, o projeto Mulheres em Construção foi concebido e dinamizado pela equipa de arquitetas Elena Parnisari (voluntária), Gabriela Cavalcanti, Isabella Rusconi (voluntária), Lia Antunes (voluntária) e Patrícia Robalo, com apoio pontual da arquiteta Cláudia Escaleira (voluntária).
Elena Parnisari
Gabriela Cavalcanti
Isabella Rusconi
Lia Antunes
Patrícia Robalo
Cláudia Escaleira
Formandas
A equipa da MA desempenhou papeis fulcrais, no entanto, reconhece-se a importância do público-alvo do projeto enquanto co-criadoras do percurso. Isto porque houve decisões que foram tomadas junto às senhoras, a fim de melhor atender às suas demandas e mais confortavelmente atingirmos os objetivos do projeto. Decisões como o período das formações, o horário, a premiação por assiduidade foram tomadas em conjunto.
Inicialmente, o projeto Mulheres em Construção destinou-se a senhoras habitantes do Bairro de Santiago, em Aveiro. Esta é a razão pela qual a maior parte das formandas não apenas reside, como compõe o Bairro. Optou-se por abrir vagas a senhoras de outras zonas da cidade quando, ainda no momento dos cafés-conversa realizados para apresentar o projeto à comunidade, surgiram senhoras de outras localidades interessadas em participar. Assim, a equipa inicial contou com 16 formandas de três diferentes freguesias da região de Aveiro.
Composto por senhoras com histórias e realidades que ora se encontram, ora se distanciam, entre diferentes idades, origens geográficas, crenças, etnias, propósitos e afazeres, as formações foram um ponto de encontro, partilha e criação de vivências. Se a maioria já partilhava do mesmo Bairro, ao longo do projeto puderem construir uma relação de, para além de vizinhas, amigas.
Por razões diversas e pessoais, não foi possível a todas as iniciantes a permanência até o final do percurso formativo. Assim, a equipa para a realização da obra final do projeto contou com oito senhoras, dentre as quais três optaram por buscar saídas profissionais no setor da construção civil.
Formandas:
- Ana Lúcia Lemos Cirne
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Cristiana Veloso Esteves
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Filipa Míriam Moreira Ribeiro da Silva
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Helena Maria da Gama Fernandes Fidalgo
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Iara Francez da Silva Maia
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Joana Oliveira Santos
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Liliana Patrícia Gonçalves Salgado de Matos
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Marcelina Silva Maia
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Maria Albertina Soares Rodrigues
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Maria da Conceição Pinho Salgado
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Maria da Conceição Santos Martins Ferreira
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Maria Fernanda Pereira Gonçalves
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Maria Filomena Marinho Ferreira
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Maria Idalina Seabra Samuel
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Sandra Francez da Silva Maia
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Severina Duarte Rodrigues
Parcerias
Desde o momento inicial, a MA contou com parcerias que foram indispensáveis no desenvolvimento e realização do projeto. A rede de parcerias inclui organizações públicas, privadas, cooperativas, associações locais e nacionais. Esta rede é articulada, no projeto, pela equipa da MA. Ao longo do projeto, novas parcerias foram estabelecidas.